Carta da Geeta: Confira o posicionamento do RIMYI em relação às avaliações e aos programas para formação de professores


À Associação de Iyengar Yoga

Queridos Presidente, membros do Conselho Executivo da Associação, professores, avaliadores e associados,

Durante o mês de dezembro de 2015, os avaliadores e representantes de cada associação tiveram uma reunião conosco, Geeta e Prashant. Foi um momento de troca de ideias sobre temas específicos como o processo de avaliação, o treinamento de professores, o funcionamento das associações, etc.
Todos nós temos o mesmo objetivo de compartilhar os ensinamentos de Guruji e aprender acerca do Yoga. À luz disso, nós, isto é, Geeta e Prashant, nos dirigimos a vocês para que todos possamos levar adiante a luz dos ensinamentos de Guruji com pureza em kaya, vak e manas (corpo, voz e mente).
Os itens a seguir esclarecerão a posição do RIMYI em relação às avaliações e aos programas para formação de professores e devem ser compartilhados com todos os associados, tanto professores quanto alunos, de modo que todos saibam quais são os requisitos para formação, certificação, avaliação e ensino.

Somando-se a isto, as associações receberão de nós, posteriormente, os programas revisados e padronizados para a certificação em todos os níveis.

1) Todos os estudantes de Guruji que desejem se tornar associados devem ser acomodados na associação. Enquanto é verdade que é hora dos seniores abrirem espaço para os júniores nos comitês de organização,
Os júniores devem respeitar e procurar o aconselhamento de sêniores, uma vez que a experiência e maturidade deles é importante para o crescimento saudável do Iyengar Yoga e,
Os sêniores devem ter a mente aberta para refletir sobre as sugestões dos júniores, uma vez que o frescor deles irá trazer novas dimensões para o crescimento saudável do Iyengar Yoga.
Patañjali fala sobre viveka (discernimento), e todos nós, na qualidade de estudantes de Guruji, devemos usar nosso sentido de discernimento e trabalharmos juntos com a mente equilibrada. Yoga sadhakas devem demonstrar maitri (amizade) em relação àqueles que são, direta ou indiretamente, alunos de Guruji.

2) A palavra “associação” significa uma organização de pessoas que têm um interesse comum. Deste modo, todos os membros de cada associação, assim como as próprias associações, devem ter uma abordagem amistosa em relação umas às outras, mantendo uma comunicação contínua.
Há que haver um intercâmbio por todo o mundo do conhecimento dado por Guruji. Portanto, deve haver comunicação entre as associações. A afirmação de Guruji “dar não nos empobrece, reter não nos enriquece” não apenas deve ser compreendida por nós, mas também praticada.
Apesar de estarmos geograficamente separados, quando se trata de filosofia yóguica devemos nos considerar como um só.

SOBRE O ENSINO

1. Geralmente, os asanas são ensinados de acordo com os programas elaborados por Guruji, e depois os estudantes aprimoram-se para os níveis mais elevados. Anteriormente, mesmo que não tivessem lido os livros de Guruji aprofundadamente, os alunos eram aceitos como sêniores. Hoje, somos afortunados por termos tantos livros e artigos de Guruji; os estudantes devem ser estimulados a lê-los para conhecer sua abordagem sobre o Yoga. Desta forma, os professores têm uma nova responsabilidade, a de reunir seus alunos para explicar e discutir os escritos de Guruji.
Aqui está uma lista dos livros de Guruji disponíveis em inglês:
1. Light on Yoga
2. Light on Pranayama
3. Light on the Yoga Sutras of Patanjali
4. Light on Ashtanga Yoga
5. Yaugika Manas
6. Patanjala Yogasutra Paricaya
7. Light on Life
8. Core of the Yoga Sutras
9. Astadala Yogamala
10. Concise Light on Yoga
11. The Ilustrated Light on Yoga
12. Art of Yoga
13. Tree of Yoga
14. Body of Shrine, Yoga Thy Light
15. Iyengar: his Life and Work
16. Basic Guidelines for Teachers of Yoga
17. Yoga – The Path to Holistic Health
18. Iyengar Yoga para Beginners
19. Yoga Wisdom and Practice
20. Yoga for Sports

O trabalho de Guruji precisa ser traduzido para todos os idiomas dos países onde houver estudantes. A comunidade estudantil pode se reunir para trabalhar nessa direção.

2. Algumas vezes, parece que os estudantes são forçados pelos professores a alcançar o asana final clássico para garantir a certificação. Isto pode provar-se fisicamente prejudicial e também mentalmente desgastante. É importante lembrar que mesmo os estágios intermediários dos asanas possuem valor terapêutico. Cada aluno deve receber tempo suficiente para aprender os asanas e pranayamas de maneira correta e não devem ser apressados.
Yoga é uma ciência natural. Quando as pessoas o aprendem rapidamente, não percebem os obstáculos e podem acabar se machucando. Não se deve ter pressa em tornar todo mundo professor. Yoga não é uma corrida. É uma ciência experimental. É um processo para toda uma vida e não um curso de curta duração. Por este motivo, foi previsto um espaço de tempo entre os níveis. Antes de ensinar o básico, deve-se estar em um estágio avançado de aprendizado. Portanto, não tenha pressa.

3. Atualmente, as pessoas desejam aplicar o Yoga como uma ciência preventiva contra doenças. Portanto, todos os professores certificados (e aqueles que pretendem obter a certificação no futuro) devem ter algum conhecimento básico de Yoga terapêutico. Na carta de Guruji para as associações datada de 22 de dezembro de 2010, ele declarou que todos os professores certificados podem ajudar alunos saudáveis com doenças comuns de menor risco, tais como problemas nos joelhos, costas, pescoço, ombros, dor de cabeça, pressão alta, diarreia, constipação, ansiedade e depressão. Os professores orientadores devem ensinar as adaptações na prática de asana e pranayama para tais condições para todos aqueles que pretendam ensinar.

4. Os alunos devem conhecer todos os nomes dos asanas em sânscrito. Seu significado está em Luz sobre o Yoga. Os livros de Guruji também têm um índice com todas as palavras em sânscrito e seus respectivos significados. Por meio dessa leitura, os alunos tomarão conhecimento das palavras em sânscrito. Os professores também podem conduzir uma aula para que comecem a pronunciar as palavras em sânscrito. Para isso não é preciso saber sânscrito, o objetivo é se acostumar com as palavras em sânscrito. Do mesmo modo, a cada nível, podem ser introduzidas palavras do Yoga Sutras de Patañjali, porque isto certamente enriquecerá o vocabulário dos alunos.

5. Quando os alunos se apresentam para os cursos intermediários sêniores e enviam fotografias para a certificação, fica evidente que têm dificuldades com os asanas avançados. E se precisam ajudar as pessoas em aula, parecem não saber como. A própria forma de tocarem os alunos está errada. Para compreender asana, pranayama e terapia, requer-se a assistência apropriada de um professor. Com frequência os professores pedem uma sequência de asanas para tratar seus pacientes e, ao ensiná-la, apenas se reportam à sequência sem ajudar, ensinar ou guiar seus pacientes. Esse não é o caminho correto. Todos os alunos sêniores do Guruji viram como ele costumava ajudar seus pacientes até mesmo nas aulas abertas. A sua arte de tocar foi facilmente esquecida, e as aulas têm por base apenas explicações – isso está errado. Onde quer que uma mão amiga se faça necessária, o professor deve apresentar-se para ajudar pacientes e alunos. Os professores devem saber como tocar e ajudar seus alunos, pelo menos nas posturas básicas.

6. Guruji acreditava na importância de levar o Yoga para crianças nas escolas. Ele preparou um programa para as crianças em idade escolar que está reunido em cinco volumes denominados Yogashastra. É essencial aprender os asanas mencionados nestes livros para que, sempre que surja uma oportunidade, os professores possam ensinar nas escolas. O programa é apropriado para crianças de todas as origens e crenças. Os livros estão disponíveis no RIMYI.

7. Aqueles que já são professores ou desejam se tornar professores devem desenvolver a habilidade de dar pequenas palestras ou demonstrações de Yoga, para que possamos transmitir a outras pessoas a essência dos ensinamentos do Guruji.

SOBRE A CERTIFICAÇÃO INTRODUTÓRIA

1. Deve ser dado tempo suficiente para a preparação de alunos que desejam tornar-se professores.
Para se tornar professor, é preciso estudar por um longo período de tempo. O fato de se sair bem nos asanas não significa que aquela pessoa será boa professora. Existe uma grande diferença entre aprender e ensinar. Ao ensinar os outros, nossa própria experiência deverá nos guiar. Então, se ensinarmos sem experimentar asana e pranayama em nós mesmos, erraremos.
Parece ter se tornado moda viajar pelo mundo inteiro conduzindo Cursos de Formação de Professores (CFP). Muitas vezes os cursos de formação começam antes mesmo de as pessoas estarem preparadas para serem alunas, o que não é de forma alguma apropriado. Por exemplo, em alguns lugares as pessoas são movidas a fazer Cursos de Formação de Professores antes mesmo de se tornarem alunos adequados. Nem mesmo Guruji preparava professores dessa maneira. Professores não podem ser produzidos mecanicamente. A menos que a pessoa tenha uma tendência interior para o ensino, não será uma boa professora. A tendência interior desabrocha após um período de tempo na companhia de um professor adequado. Guruji sempre enfatizou a importância do professor orientador. Devemos reconhecer e encorajar a adoção da orientação pessoal por professores orientadores, colocando-a em seu devido lugar em relação aos programas de formação de professores que acabam por produzir professores em massa, a partir de estudantes que possivelmente ainda não estão preparados.

2. São exigidos seis anos de estudo em aulas regulares com professores certificados em Iyengar Yoga antes da inscrição para a primeira avaliação.
A avaliação e a certificação possuem requisitos mínimos determinados. O critério exige um número mínimo de anos de aprendizado com um professor certificado ou um número mínimo de horas. O critério baseado em número de horas foi introduzido exclusivamente para os lugares onde não há suficientes professores certificados, já que seria difícil viajar ou se deslocar por tantos anos. Entretanto, ocorre que o critério baseado em horas está sendo usado mesmo em lugares onde há professores disponíveis. Isso não deve ocorrer. Em lugares onde existem professores certificados disponíveis, são exigidos seis anos de prática em aulas regulares com professores certificados para se inscrever na primeira avaliação. Essa regra é aplicável até mesmo para os candidatos que sejam professores certificados por outras escolas de yoga.
O candidato que se apresenta para a avaliação do Introdutório I e II deve ter dispendido, no mínimo:

a) Primeiros 3 anos estudando o programa do Introdutório I e II (prática e teoria).
b) Próximos 2 anos estudando o programa do Introdutório I e II (prática e teoria) e do Júnior Intermediário I (prática e teoria).
c) Próximo 1 ano estudando o programa do Introdutório I e II (prática e teoria), do Júnior Intermediário I (prática e teoria) e do Júnior Intermediário 2 (somente prática).
Quando se introduz os programas do Júnior 1 e 2, a única finalidade é para que o candidato simplesmente aprenda os asanas e pranayamas desses programas. Não os apressem a atingir as posturas finais. Cultive nos alunos a alegria do processo de aprendizado das posturas, ao invés de alcançar o destino.

3. No entanto, para outros países (sem professores certificados) deve ser exigido o mínimo de 280 horas de aprendizado. A palavra “aprendizado” aqui implica “frequentar aulas com um professor orientador”. Aulas com um professor orientador significam aulas no país do estudante e visitas do aluno ao país do seu orientador. Além destas aulas, o aluno daquele lugar onde não existe professor certificado de Iyengar Yoga deverá manter o mínimo de 2 horas de prática pessoal por dia em pelo menos 5 dias na semana. Além disso, o orientador deverá guiar os alunos quanto aos livros que deverão ler e todo o material que devem assistir e estudar.

4. Nos lugares onde não existam professores certificados de Iyengar Yoga, mas onde existam um ou mais alunos que estudaram Iyengar Yoga com um professor certificado e desejem transmitir os ensinamentos de Guruji: -aconselhamos que nos escrevam, e providenciaremos orientação e critérios apropriados para que os ensinamentos de Guruji possam alcançar mais pessoas.

5. O candidato que se apresentar para avaliação do nível Introdutório II deverá ter duas recomendações de professores da sua região. Os dois professores que assinarem a recomendação devem ser certificados no nível de Júnior Intermediário I ou superior.

SOBRE A AVALIAÇÃO PARA OUTROS NÍVEIS

1. Para se inscreverem no nível Júnior Intermediário, os candidatos devem ter duas cartas de recomendação. Os professores que assinam a recomendação devem ser certificados no mínimo em um nível acima daquele para o qual o candidato está se inscrevendo.
2. Candidatos que se apresentam para os níveis Sênior Intermediário I e II devem ter a recomendação de um professor que seja certificado no nível Sênior Intermediário III ou superior.
3. Candidatos ao nível Sênior Intermediário III e acima devem se dirigir diretamente ao RIMYI.
4. Em qualquer nível, quando se exigem cartas de recomendação:
Se duas cartas são exigidas:
Uma delas deve ser do professor orientador com quem o candidato estuda regularmente. A outra pode ser de um professor com quem o aluno tenha aulas com menos frequência.
Pelo menos um dos professores deve ser de fora da família do candidato.
Se apenas uma carta é exigida:
O candidato deve estudar com esse professor regularmente.
Qualquer professor que recomende um candidato deve conhecer a sua prática de asana e pranayama e ter observado a sua didática.

SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

1. Por meio da presente comunicação reforçamos que não é obrigatório participar de um Curso de Formação de Professores – CFP – para se submeter ao processo de Certificação.
Em encontros com muitos professores e membros de associações de diversos países, ficamos sabendo que os alunos são levados a acreditar que têm que fazer um Curso de Formação de Professores para se apresentarem para a avaliação ou para aprofundarem o seu aprendizado. Gostaríamos de esclarecer que este não é o caso.

2. Outro curso com o qual nos deparamos é o “Curso de Pré-Formação”. O nome por si mesmo indica que o curso é indicado para aqueles que pretendem ingressar no curso de formação. Quando esse objetivo é apresentado a eles, nem o aprendizado permanece puro, nem o ensinamento permanece puro, porque a inocência é perdida. Mesmo que ambas as partes façam seu trabalho com sinceridade, a inocência foi perdida. Só se pode aprender com um estado de espírito inocente. Então, acabem com esse “Curso de Pré-Formação”. Vocês podem conduzir aulas regulares, workshops, convenções. Por favor, não induzam ao erro aqueles que desejam aprender, mesmo que involuntariamente.

3. Todos os Cursos de Formação de Professores devem ter autorização da Associação. Nos lugares onde não haja Associação de Iyengar Yoga, o CFP deve buscar autorização do RIMYI. Embora isto já esteja mencionado na Constituição de Puna, deparamo-nos com várias situações em que esta regra foi violada. Assim, desejamos reafirmar isto.

4. Para ingressar em um Curso de Formação de Professores aprovado pela associação, o candidato deverá ter completado ao menos 3 anos de aprendizado em aulas regulares como aluno. Nenhum aluno deverá ser admitido no CFP se ele ou ela não tiver completado o tempo estipulado.

5. Nenhum Curso de Formação de Professores deve ser iniciado em lugar algum a menos que existam praticantes maduros com pelo menos 3 anos de aprendizado sob a orientação de um professor certificado local ou de um professor estrangeiro que vá ao país regularmente (mínimo de 180 horas de estudo) para ministrar aulas gerais.

6. Onde quer que existam professores certificados locais no nível Júnior Intermediário III ou mais, nenhum professor estrangeiro ou visitante de fora deverá iniciar um Curso de Formação de Professores ou participar de CFP. Se um professor local e um professor visitante desejarem coordenar um CFP, eles deverão enviar uma carta conjunta para o RIMYI solicitando permissão.

7. Se um professor certificado qualificado para conduzir CFP se mudar para outro país (mudar de residência para aquele país), ele ou ela deverão primeiro ministrar aulas regulares e construir um bom relacionamento com aquela comunidade. Ele ou ela não deve se apressar para iniciar um Curso de Formação de Professores até que um grupo de estudantes formado por ele/ela esteja maduro. Para esse novo professor iniciar um Curso de Formação de Professores no lugar, os requisitos são:

– Os estudantes daquela região devem ter estudado com professores locais por no mínimo 2 anos; E
– Este novo professor deverá ter conduzido aulas regulares por no mínimo 2 anos.

8. Solicitamos aos alunos seniores e diretos do Guruji que foquem no aumento da qualidade de ensino em suas regiões. Além disso, quando as aulas forem conduzidas no exterior, que sejam aulas gerais, no lugar de intensivas. É importante primeiro aprender Yoga em geral. Aqueles que vão ensinar em outros países devem conduzir aulas básicas e não direcionadas ao treinamento de professores.
Todas as condições mencionadas nessa carta devem se tornar efetivas até janeiro de 2020, embora encorajemos todos a tomarem essa direção antes disto. Sempre que possível, apelamos para que vocês implementem as mudanças com efeitos imediatos.

Nosso Pedido

Guruji visitou tantos países por tantas vezes. Se você possui filmes/fotos tiradas durante suas visitas, quer seja de demonstrações, aulas, sessões de perguntas e respostas ou qualquer outro material, pedimos, por favor, que você entregue ao RIMYI uma lista do seu conteúdo. O RIMYI deseja que todos os arquivos sejam guardados e, dependendo do que estiver faltando aqui, solicitaremos que você nos envie uma cópia destes registros. Assim que o RIMYI fizer uma lista detalhada de todos estes registros, compartilhará com todas as Associações. E então poderemos pensar em uma forma de tornar este material disponível para todos os interessados.
É nosso dever para com nós mesmos a manutenção da visão integral de Guruji sobre o Yoga e sua transmissão para a próxima geração. Vamos deixar de lado todas as disputas, mal entendidos e confusões para atingir alguma clareza. Isto nos colocará no caminho de nos tornarmos bons “sadhakas”. Isto trará nossa mente yóguica à superfície, de modo que carreguemos nossos samksaras yóguicos para as próximas vidas. Desejamos a todos o melhor neste caminho do yoga. Que o Senhor Patañjali nos abençoe.

Namaskar.
Atenciosamente,
Afetuosamente,

Geeta S. Iyengar e Prashant S. Iyengar
Local: Pune
Data: 29/03/2017

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